Houston: Objectivo cumprido

A estação de Lumbrales recupera vida como espaço de ócio e cultura. Centenas de pessoas, muitas delas crianças, passearam pela via a bordo de veículos ligeiros.




O "espirito Houston" assumido pela associação Tod@via conseguiu recuperar parte das instalações ferroviárias como enclave para o ócio, a cultura e o turismo, mostrando as possibilidades desta linha como um recurso turístico gerador de riqueza para o oeste salmantino e leste transmontano-duriense.

A estação ferroviária de Lumbrales acolheu no passado domingo uma jornada festivo-reivindicativa pelo abandono a que foi votada a via, com um encontro de centenas de salmantinos e portugueses atraídos pela oferta de poderem passear pela via a bordo de pequenos comboios e biclonetas. Algo impossível e impensável depois do encerramento ao tráfego desta ferrovia em 1985. E no ano da comemoração do 125.º aniversário da conclusão do Caminho-de-ferro do Douro (Porto – Salamanca), hoje desactivado entre La Fuente de San Esteban – Pocinho e classificado do lado espanhol como Bem de Interesse Cultural com a categoria de Monumento desde 2000.

Ao tempo, foi uma utopia a sua construção devido não só às dificuldades económicas da época como às dificuldades técnicas oferecidas por um espaço geográfico que discorre pelas escarpadas arribas.

Hoje, 125 anos depois e com uma situação económica também desfavorecida, a utopia de recuperar esta via encerrada ao trânsito, como espaço de ócio e como elemento gerador de riqueza para a região, também pode ser uma realidade.

A Associação de Fronteira Tod@via lembrou que em tempos de crise económica também se pode conseguir o impossível, graças ao voluntariado social, sem pedir às administrações públicas nem dinheiro nem investimentos, apenas as autorizações pertinentes, isto é, exemplos de novas soluções não ensaiadas pelas referidas administrações.

Hoje, 125 anos depois e com uma situação económica também desfavorecida, a utopia de recuperar esta via encerrada ao trânsito, como espaço de ócio e como elemento gerador de riqueza para a região, também pode ser uma realidade. Numa jornada reivindicativa, com uma atitude e conteúdo positivo não isenta de humor - nos cartazes espalhados à volta da estação podia ler-se "Passagem sem comboio", "Atenção ao guarda" ou, "Perigo: MONUMENTO abandonado"-, tratou-se de celebrar os resultados das soluções ensaiadas para resolver o problema do abandono da linha. A Tod@vía apelou à sociedade civil para que esta, com a colaboração de voluntários activos, pudesse recuperar um espaço de cultura para o ócio e como elemento gerador de riqueza. A proposta de nulo custo económico para as Administrações Públicas resultou na limpeza de 32km de vegetação e, a prova é que veículos ferroviários ligeiros podem nela transitar com segurança, inclusivamente no estado actual de conservação. Parecia um sonho que houvesse tanta gente comprometida com a salvaguarda deste MONUMENTO.

Passeios pela via-férrea e música

As actuações do voluntariado nas jornadas de “facendera” realizadas desde Março de 2011 e a absoluta implicação dos proprietários de veículos ligeiros construídos para circular por esta via, e o compromisso dos grupos musicais “How are Blues” e “Sr. Jabalí y sus jabatos” –que ofereceram dois magníficos concertos-, permitiram usufruir de um dia inolvidável a centenas de participantes, muitas crianças, pais e gente mais velha que recordava as suas viagens no comboio que ligou Salamanca com a foz do Douro. E tudo gratuitamente, para surpresa de muitos, que chegaram à estação de Lumbrales com a intenção de comprar bilhete para os peculiares veículos: o G.P.721 (de Lumbrales), o TrenPujo (de Burgos) e o B.O. Train (de Gondomar), para além das emblemáticas biclonetas de Hinojosa, o primeiro invento para percorrer esta linha das Arribas.

A Junta Directiva da associação Tod@via agradeceu a colaboração especial dos proprietários dos veículos e dos grupos musicais, fazendo-o com a cumplicidade dos alcaides dos “Ayuntamientos” de La Fregeneda, Hinojosa e o tenente-alcaide de Lumbrales, que entregaram um diploma de distinção a estes destacados voluntários. Um gesto de cumplicidade por parte dos edis que apostaram no apoio à iniciativa de recuperação por parte da associação Tod@via.

Uma merenda fraternal, animada pelos acordes dos referidos grupos musicais salmantinos, encerrou o primeiro dos actos programados por Tod@via para comemorar os 125 anos deste caminho-de-ferro ibérico.

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