Olivicultores poderão vir a ganhar dinheiro no mercado do carbono

Os olivicultores portugueses poderão ter uma nova fonte de rendimento no negócio da venda de créditos de carbono a empresas ou países poluidores, foi hoje anunciado num seminário sobre o azeite, em Mirandela.

O olival é uma fonte natural de renovação do oxigénio que as organizações do setor querem que venha a ser certificado como um elemento de sequestro de carbono, as conhecidas emissões de CO2.

A decisão depende de Bruxelas e das negociações em curso para a nova Política Agrícola Comum.

Se a União Europeia aceitar o olival como elemento de sequestro de carbono, os olivicultores vão poder vender o saldo positivo de ar puro aos mais poluidores, tal como já acontece entre países aderentes ao protocolo de Quioto.

O negócio pode valer um rendimento anual médio de 500 euros por olivicultor, segundo contas de António Branco, presidente da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD), a promotora do seminário de hoje, em Mirandela.

"O sequestro de carbono pode ser uma oportunidade porque, atendendo a que neste momento os EUA entraram para o mercado de carbono, através do protocolo de Quioto, poderá haver um mercado associado à venda efetiva de créditos de carbono e poderá ser também uma oportunidade", considerou.

Segundo disse, "uma tonelada de carbono pode valer até 50 euros" e um hectare de olival pode concentrar 10 toneladas, segundo ainda o dirigente, que calcula para o caso um rendimento de 500 euros por ano de créditos.

A questão está agora em aberto em sede da discussão da PAC na União Europeia e o presidente da AOTAD pediu o empenho do governo português nesta questão ao secretário de Estado da Agricultura, no encerramento do debate.

Isto porque, segundo o dirigente, se Bruxelas não incluir o olival português no sequestro de carbono, não só se perde a oportunidade de negócio das quotas, como os olivicultores sofrem um corte de 30% nas ajudas diretas da Europa, que corresponde à compensação pelo estatuto.

Portugal já produz 72 por cento do azeite que consome e Trás-os-Montes tem a segunda maior produção do país

No mesmo seminário o secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque, considerou que Portugal está no caminho da auto-suficiência na produção de azeite, com o país a produzir 72 por cento do que consome.

Segundo Diogo Albuquerque Portugal «já teve auto-suficiência, perdeu-a, mas foi crescendo e agora está num período de recuperação e dinamismo».

Nos últimos cinco anos, segundo disse, a produção de azeite e a exportação duplicaram e os olivais já asseguram 72 por cento do azeite consumido a nível nacional, o que faz o governante acreditar que «é possível atingir a auto-suficiência no futuro».

Só na região de Trás-os-Montes, foram plantados nos últimos anos mais três mil hectares de novo olival, o correspondente, segundo José Diogo Albuquerque, a «22 por cento da superfície total de Portugal».
«Isso é bom porque quanto mais auto-suficientes formos, no fundo, teremos menos euros importados e mais euros nacionais e isso ajuda a nossa economia», considerou.

O secretário de Estado sublinhou que «Portugal está a aumentar as exportações de azeite», especificando que valem 160 milhões de euros por ano.

Fonte: Agência Lusa

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