Produtores de vinho de Trás-os-Montes querem entrar no mercado brasileiro

Os produtores de vinho de Trás-os-Montes querem entrar nos mercados internacionais, por julgarem produzir vinhos com grande qualidade.

"Queremos entrar no mercado pela qualidade e notoriedade. Interessa-nos produzir pouco com muita qualidade e o Brasil é um mercado importante em termos de vinhos de qualidade, são vinhos encorpados nos tintos e bastante frescos nos brancos", disse à Lusa Francisco Pavão, presidente da Comissão Vitivinícola Regional de Trás-os-Montes.

Numa primeira ação para promover os vinhos transmontanos no Brasil, nove produtores, engarrafadores e cooperativas desembarcaram no Rio de Janeiro e em São Paulo para provas exclusivas com sommeliers, transmontanos aqui radicados no Brasil, distribuidores, restaurantes, importadores e pessoas ligadas ao mundo do vinho.

Segundo Pavão, os brasileiros ainda desconhecem os vinhos de Trás-os-Montes. Até ao momento, as vendas no Brasil ainda são residuais e a expetativa da comissão de vitivinícola é "dar o primeiro click nos negócios", destacou.

"Este é o primeiro evento que realizamos deste tipo fora de Portugal. Temos vinhos de grande volume de produção e temos também as reservas. As nossas subregiões são muito diferentes, Chaves, Mirandês e Valpaços".

Os viticultores dão prioridade às castas autóctones da região como as Tourigas, a Viosinho e a Malvasia Fina.

A produção de Trás-os-Montes a nível nacional ainda é reduzida. Em 2010, foram certificados cerca de quatro milhões de litros de vinho, o que representou menos de 10 por cento da produção nacional.
A busca do mercado português deve-se a um momento de crise financeira que está a abater-se sobre os volume de vendas. "Neste momento estamos a sentir a crise verdadeira nas vendas, com uma queda de 15 a 20 por cento. E na produção estamos com aumento grande de preços nos fertilizantes e fitofármacos", argumentou Pavão.

Alcides Manoel dos Santos, gestor da adega cooperativa do Rabaçal de Rebordelo, disse à Lusa que os vinhos produzidos nesta região de terra quente e clima propício com temperatura média de 25 graus resulta em vinhos brancos suaves e frutados e vinhos tintos encorpados.

"Trouxemos um pouco da nossa gama de vinhos que produzimos em Portugal e estamos a apostar no preço bastante acessível e na qualidade", disse Manoel dos Santos.

Já o dono da Manuel Maria Barreirada Cruz levou para a degustação o vinho Fonte do Sapo Reserva Tinto 2009, medalha de prata do concurso nacional de vinhos de Portugal.

"Estamos a trazer a generosidade de uma região com produtos com toda uma ruralidade e aquilo que é do melhor em Portugal. Há 10 anos tínhamos poucas cooperativas, hoje já somos 50 produtores em Trás-os-Montes", disse à Lusa Manuel Cruz.

Segundo o produtor, o que pode atrair os consumidores brasileiros é a "rusticidade" dos vinhos, pois a maior parte deles é feita artesanalmente.

"Aproveitamos para vender a nossa região também, vale a pena conhecê-la `in loco`. A nossa intenção aqui é conseguir importadores do Brasil", destacou.

A receção do público brasileiro tem sido positiva. O brasileiro Francisco Rogério, `sommelier` de um restaurante italiano no Rio de Janeiro, aposta que os novos vinhos portugueses vão ter sucesso no Rio.

"São vinhos novos com bom corpo e bem estruturado e combina com o clima brasileiro, são aromáticos e frutados. Os vinhos portugueses estão a entrar com força no mercado e têm potencial", confirmou Rogério.
A única barreira para a entrada de vinhos portugueses no país ainda são as altas tarifas alfandegárias que encarecem o vinho em cinco vezes.
Fonte: Lusa

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