A principal barragem para abastecimento de água à população de Bragança continua por construir mais de trinta anos depois de planeada naquele que viria a tornar-se no Parque Natural de Montesinho, motivo de sucessivos chumbos ambientais ao projecto.
Jorge Nunes, Presidente da C.M.de Bragança |
O último revés aconteceu recentemente com a comissão de acompanhamento ambiental a devolver o estudo promovido pela empresa intermunicipal Águas de Trás-os-Montes para que sejam estudadas alternativas a Montesinho.
Veiguinhas é, no entanto a maior das reservas e a última fase do Sistema de Abastecimento do Alto Sabor, que começou a ser construído em 1978, um ano antes de ser criado o Parque Natural de Montesinho, contabilizando já uma barragem, a da Serra Serrada, sistema adutor e mini hídricas, entre outras fontes de captação de água em plena área protegida.
Este sistema é a única fonte de abastecimento a cerca de 30 mil pessoas da cidade e zonas limítrofes que só terão garantia de água em quantidade e qualidade quando for construída a barragem de Veiguinhas com três vezes mais capacidade de armazenamento que a Serra Serrada.
O autarca social democrata disse à Lusa que a Águas de Trás-os-Montes já apresentou novo estudo com alternativas, mas reiterou que os estudos já realizado apontam Veiguinhas como «a única solução, por apresentar menos impactes negativos, custos mais baixos e ser a melhor amiga do ambiente».
A construção da barragem já mereceu o parecer favorável da Quercus de Bragança «com condicionalismos para resolver o problema maior do abastecimento às populações e pelas previsões de um agravamento da frequência de anos de seca extrema».
A posição foi manifestada à Lusa pelo dirigente da associação ambientalista, Carlos Aguiar, em 2007, o ano em que a Bragança viveu uma «situação de ruptura» com as reservas de água a baterem no fundo e o abastecimento à população a ser garantido pelo transporte em camiões cisterna, a partir da albufeira do Azibo, no concelho vizinho de Macedo de Cavaleiros.
Para o presidente da Câmara, essa experiência «demonstrou que não existem meios, nomeadamente da Protecção Civil, para fazer face a uma situação destas» e considerou que «se o que se passou em Bragança fosse em Lisboa, teriam soado os alarmes vermelhos em todos os ministérios e o assunto seria resolvido no dia seguinte».
Um ano depois de Jorge Nunes ter tomado posse, em 1999, o então secretário de Estado do Ambiente, Ricardo Magalhães, chegou a garantir financiamento para os 1,5 milhões de contos (7,5 milhões de euros), o custo estimado para a obra naquela ocasião.
Fonte: Lusa