"Miguel" está de volta à Ucrânia

Volodymyr Savratskyy, o ucraniano que pediu ajuda para voltar à Ucrânia, regressou ao país natal a 28 de Janeiro. Conhecido na freguesia de Beira Grande (Carrazeda de Ansiães) como Miguel, este imigrante estava impossibilitado de trabalhar por motivos de saúde, visto padecer duma condição que o torna propenso a acumular líquido por todo o corpo.

Ao fim de dez anos em Portugal, Miguel dependia da ajuda dos vizinhos, que lhe ofereciam alguns alimentos e roupa. Dado o excessivo volume, tinha de coser duas camisolas para as unir numa só que pudesse vestir. Sem possibilidades de trabalhar e com o estado de saúde a agravar-se, foi lançada uma campanha de solidariedade para o auxiliar a regressar a casa.

Na altura em que foi internado de urgência no Centro Hospitalar do Nordeste (Mirandela), Miguel pesava 182 quilos; o tratamento levou-o a perder 56 quilos, tendo regressado à Ucrânia com o peso de 126 quilos. O próximo objectivo será colocar uma banda gástrica, uma operação que estava prevista para o mês de Fevereiro.

A intervenção cirúrgica só se tornou possível com o sucesso da campanha de solidariedade organizada pelo presidente da Junta de Freguesia de Beira Grande, Manuel Aníbal Meireles, pelo portal e revista Jfreguesia e pela Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Carrazeda de Ansiães.

A conta aberta em nome de “Miguel” Volodymyr Savratskyy reuniu 2670 euros em donativos, verba que permitiu a compra do bilhete de avião, a marcação da operação cirúrgica e ter algum fundo de maneio para o tempo de recobro.

No dia 28 de Janeiro, Miguel embarcou no Aeroporto Francisco Sá Carneiro rumo a Bruxelas, onde fez escala para a Ucrânia. O destino final era Ternopil, a cidade capital do distrito com o mesmo nome, onde residem os pais.

“Quero agradecer ao senhor Aníbal e a toda a família, à aldeia da Beira Grande, ao doutor Carlos [médico no Hospital de Mirandela] e aos médicos e enfermeiras que me trataram. Sem eles, não conseguia regressar a casa. Sem dinheiro e sem trabalho, como é que voltava? Só com a grande ajuda deles é que isto é possível”, disse Miguel, enquanto se preparava para fazer o “check in” no Aeroporto Francisco Sá Carneiro.

É com este espírito de gratidão que o ucraniano promete, dentro de poucos dias, “escrever uma carta a agradecer” a toda a gente da freguesia e ao corpo clínico do Hospital de Mirandela. Apesar da boa compreensão e fluência no domínio oral, Miguel não está muito à vontade para escrever na língua de Camões, mas tal não será problema: “tenho em Ternopil uma amiga que escreve bem em português”.

“Os portugueses ajudaram-me muito. Estive três vezes em situações complicadas e houve sempre quem me ajudasse. Agora quero é meter a banda gástrica, já tenho dinheiro para a operação”, disse Miguel, na despedida de Portugal.


Fonte: jfreguesia.com

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