O Observador Cetelem analisou a forma como os portugueses avaliam a actual situação do país e quais as suas perspectivas de consumo. No contexto actual, marcado por um pessimismo generalizado, quais as intenções de compra para os próximos meses?
A preocupação dos portugueses é visível quando questionados sobre a forma como avaliam a situação actual do país. Numa escala de 0 a 10 são unânimes as opiniões que avaliam Portugal com uma nota de 3.65, sendo que são os homens que avaliam a situação de uma forma mais severa (3.59).
Apesar da visão pessimista que todos os portugueses partilham, são os mais velhos que parecem mais desanimados. De geração para geração as perspectivas negativas vão-se acentuando. Os jovens (18 aos 24 anos) são os mais optimistas, atribuindo uma classificação de 4.48, que contrasta com a dos mais velhos (55-65 anos), que se situa nos 2.82.
Em termos geográficos a situação financeira do país parece atingir todo o território nacional, ainda que seja na região Centro que, com uma nota de 2.92, se verifica um maior pessimismo. No Norte e no Sul os valores rondam os 3.71 e 3.98, respectivamente.
Influenciados pela actual conjuntura económica em que se encontra o país, os consumidores revelam-se mais ponderados no que se refere ao consumo. Neste contexto, quais serão as prioridades de consumo dos portugueses neste último quadrimestre?
Os telemóveis estão agora no topo das intenções de compra (21%). Levados pela vaga tecnológica e pelas recentes novidades lançadas, os portugueses não deixarão de despender em novos equipamentos da área das telecomunicações. Esta é uma tendência expressa tanto por homens (48%) como por mulheres (52%). Inegável é também o facto de se tratar de uma opção de consumo dos mais jovens, sendo que a maioria dos consumidores se encontra entre os 18 e os 34 anos.
À semelhança dos desejos de consumo expressos pelos portugueses em 2009, é a electrónica de consumo que continua a ocupar um lugar de destaque nas intenções de consumo dos portugueses. Uma preferência mais apontada pelos homens (59%) do que pelas mulheres (41%).
Se em 2010 são os homens que mais investem em telemóveis e electrónica de consumo, o mesmo não acontece com as intenções de consumo em áreas como o lazer e as viagens, onde são as mulheres que se revelam mais predispostas a efectuar investimentos. O mercado de viagens e lazer, habitualmente no topo das intenções de compra, cai agora para a terceira posição. As viagens/lazer continuam a reunir a preferência dos mais jovens (28 aos 34 anos). Contudo, é neste sector que, cada vez mais, as classes etárias mais idosas estarão presentes. Actualmente, temos já 5% de “consumidores seniores” a reivindicar viagens e lazer, uma exigência que consideram bem merecida.
Esta população irá crescer com a chegada à reforma dos “baby-boomers”, uma geração que viu a vulgarização do emprego feminino e que beneficiou de dois ordenados e, por consequência, uma geração financeiramente mais confortável.