Portugueses favoráveis ao comércio justo

Adoptar novos comportamentos parece ser a resposta dos consumidores como forma de fazer face à crise. Perante um cenário economicamente instável os europeus não revelam vontade de consumir menos, mas sim consumir melhor. Trata-se de uma nova atitude que acaba por privilegiar novos conceitos e modelos de negócio no comércio, entre os quais se encontra aquele considerado justo.

O interesse pelo comércio justo surge após uma tomada de consciência ambiental acompanhada por uma tomada de consciência do necessário equilíbrio económico. Se por um lado 44% dos europeus compram produtos justos de vez em quando, por outro a proporção de consumidores que adquirem frequentemente este tipo de produtos fica abaixo dos 10% na maioria dos países. O preço e a oferta insuficiente são as duas principais razões invocadas pelos consumidores europeus para explicar o desajustamento entre a valorização deste conceito e os actuais hábitos de consumo.

O comércio justo deve ter em conta que o seu crescimento depende da informação existente, da credibilidade do circuito e da atractividade dos produtos.

A grande distribuição investe actualmente no mercado dos produtos justos, desenvolvendo marcas próprias de distribuição em vários países europeus. A facilidade de acesso a este tipo de produtos nas grandes superfícies e a descida dos preços que daí decorrerá serão os aceleradores do desenvolvimento da compra justa na Europa.

O comércio justo articula-se em torno de três princípios fundadores: assegurar uma remuneração justa do trabalho dos produtores e artesãos, permitindo-lhes satisfazer as suas necessidades elementares, garantir o respeito pelos direitos fundamentais das pessoas (recusa da exploração das crianças, da escravatura…) e, finalmente, instaurar relações sustentáveis entre parceiros económicos, em benefício de todos (pequenos produtores, intermediários e consumidores).

Os produtos envolvidos no comércio justo dizem mais respeito à alimentação, que representa mais de 80% da oferta.

Nesta questão, os portugueses destacam-se claramente dos restantes países europeus. Se por um lado 11% dos consumidores portugueses declaram já ter adquiridos produtos através de um modelo de comércio justo, a verdade é que são 86% a declarar que o carácter justo da sua compra irá influenciar o seu comportamento de consumo.

O Grupo BNP Paribas Personal Finance acompanha há mais de 50 anos o desenvolvimento do consumo e das cadeias da distribuição no mundo. Em 1989, lançou, em França, uma publicação anual - o Observador Cetelem - cujos estudos sobre o consumo, a distribuição e o crédito, são fontes de informação e de reflexão ao dispor de todos os actores do mercado. A primeira edição portuguesa foi divulgada em 2000. O Observador Cetelem está presente em vários países:Brasil, Eslováquia, Espanha, França, Hungria, Itália, Portugal e República Checa.

As análises e previsões foram realizadas em Dezembro de 2009 em colaboração com o gabinete de estudos e consultadoria BIPE, com base num inquérito quantitativo, realizado em Setembro e Outubro de 2009, em CAWI (Computer Assisted Web Interview). Trata-se de um estudo baseado em inquéritos aplicados a amostras representativas das populações nacionais (maiores de 18 anos) de doze países: Alemanha, Bélgica, Eslováquia, Espanha, França, Hungria, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa e Rússia. Cerca de 8.000 europeus foram questionados com amostras de pelo menos 500 indivíduos por país.

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