Globalmente, os europeus estão dispostos a comprar produtos usados: 30% dos consumidores europeus já compraram um automóvel em segunda mão, várias vezes, e 40% declaram-se dispostos a fazê-lo no futuro.Neste bem, como noutros, os níveis de intenção ultrapassam os níveis de compra efectivamente realizada de produtos usados na maioria das rubricas: os receios face à compra de produtos usados não são assim tão grandes.
A compra de produtos usados conhece um entusiasmo partilhado pela maioria dos europeus. Mais do que isso, mais interessante ainda para o consumidor poderia ser não consumir produtos em segunda mão, mas vendê-los, dispensando assim intermediários, quer sejam físicos ou virtuais.
Esta nova forma de reciclagem lucrativa diz respeito a uma gama de produtos cada vez maior, embora os montantes permaneçam moderados. Por agora, são sobretudo produtos baratos, como livros ou pequenos produtos de electrónica, os mais visados mas, segundo os europeus, o fenómeno de democratização e de diversificação da venda de usados está efectivamente em curso.
Os mercados de segunda mão permitem fazer economias ou até mesmo ganhar dinheiro e são acima de tudo o novo símbolo de um “consumidor-actor” informado, disposto a desviar-se dos canais de distribuição clássicos para maximizar o seu poder de compra.
Alemães e britânicos fortalecerão a sua posição de campeões europeus do usado, mas serão alcançados pelos portugueses e polacos. Com efeito, embora actualmente pratiquem muito pouco, estes últimos mostram-se muito favoráveis à revenda futura de artigos em segunda mão: mais de um em cada dois portugueses inquiridos declara que será vendedor, no futuro, de produtos electrónicos, culturais, electrodomésticos e mobiliário, percentagem que atinge 71% no que diz respeito ao automóvel.
O Grupo BNP Paribas Personal Finance acompanha há mais de 50 anos o desenvolvimento do consumo e das cadeias da distribuição no mundo. Em 1989, lançou, em França, uma publicação anual - o Observador Cetelem - cujos estudos sobre o consumo, a distribuição e o crédito, são fontes de informação e de reflexão ao dispor de todos os actores do mercado. A primeira edição portuguesa foi divulgada em 2000. O Observador Cetelem está presente em vários países: Brasil, Eslováquia, Espanha, França, Hungria, Itália, Portugal e República Checa.
As análises e previsões foram realizadas em Dezembro de 2009 em colaboração com o gabinete de estudos e consultadoria BIPE, com base num inquérito quantitativo, realizado em Setembro e Outubro de 2009, em CAWI (Computer Assisted Web Interview). Trata-se de um estudo baseado em inquéritos aplicados a amostras representativas das populações nacionais (maiores de 18 anos) de doze países: Bélgica, Eslováquia, Espanha, França, Hungria, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa e Rússia. Cerca de 8.000 europeus foram questionados com amostras de pelo menos 500 indivíduos por país.