Esta altura do ano é particularmente propensa à manifestação de reacções alérgicas devido à elevada quantidade de pólen facilmente propagado pelo ar através do vento.
Este ano, contudo, esta situação tem vindo a revelar-se mais proeminente. Em Março os níveis de pólenes chegaram a atingir níveis por norma verificados no mês de Abril. Já esta semana o Boletim Polínico da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) advertiu para a elevada concentração de pólenes no ar atmosférico prevista para os dias 3 a 9, com destaque para os pólenes de árvores como a azinheira, o pinheiro e o plátano e também da erva parietária.
O pólen é uma espécie de pó, constituído por partículas ínfimas e muito leves, invisíveis a olho nu, provenientes de gramíneas, ervas daninhas, árvores e flores. Por serem tão pequenas penetram facilmente no nosso aparelho respiratório e podem propagar-se num raio até 100 quilómetros. Mas a maioria provém de plantas situadas até um quilómetro do local onde a pessoa se encontra.
As reacções alérgicas são respostas exageradas do nosso organismo contra estas substâncias, normalmente inofensivas, e variam de pessoa para pessoa.
Apesar da diversidade de espécies de plantas existentes na nossa região apenas cerca de 10% das mesmas são causadoras de alergias.
Um outro elemento da natureza causador de alergias na nossa área geográfica é a lagarta do pinheiro. A processionária, como também é conhecida por sair em procissão do seu ninho, é um insecto desfolhador dos pinheiros e cedros.
As reacções alérgicas que provocam manifestam-se na pele, no globo ocular e no aparelho respiratório, não só do Homem mas também de animais domésticos, devido à característica urticante dos seus pêlos.
O pólen tende a libertar-se mais em dias quentes, com sol e vento, e atinge a sua máxima concentração, normalmente, entre o meio-dia e o início da tarde.
Às pessoas particularmente sensíveis ao pólen recomenda-se que nesta altura do ano não caminhem em espaços relvados, não façam campismo ou pic-nics, mantenham as janelas de casa fechadas, viajem com as janelas fechadas e usem óculos escuros.
É ainda recomendada a consulta regular do Boletim Polínico disponível em http://www.rpaerobiologia.com.
O pólen não é o único agente causador de alergias. Os ácaros e próprio pó bem como determinados produtos químicos e alimentos são, entre outras, substâncias potencialmente desencadeadoras de reacções adversas que podem ir da asma à rinite alérgica, passando pelo eczema, pela urticária pela conjuntivite alérgica, pela sinusite, pela otite média e pela Anafilaxia, a forma mais grave de alergia.
As alergias têm vindo a aumentar nas últimas décadas. Actualmente cerca de 8 a 10% da população europeia, ou seja, mais de 24 milhões de pessoas, sofre de asma e 10 a 15% (35 milhões de pessoas) de rinite alérgica. Em Portugal as estimativas divulgadas pela SPAIC apontam para 5% dos adultos e 11% das crianças entre os 6 e 14 anos atingidas pela asma e 10% da população em geral com diagnóstico de rinite alérgica.
O ambiente e o estilo de vida "ocidental" podem estar na causa deste aumento. Por um lado as crianças crescem em ambientes cada vez mais fechados e passam cada vez menos tempo ao ar livre. Por outro, são sujeitas a uma alimentação que favorece a diminuição dos micróbios normais do intestino, aumentado a sensibilidade a agentes exteriores.
A própria diminuição das infecções na primeira infância, evitadas ou controladas pela vacinação e pelos antibióticos, pode levar a que o sistema imunológico, como não tem micróbios e parasitas contra os quais reagir, direccione a sua acção defensiva para os alergénios ambienciais que de outra forma seriam inofensivos para o nosso organismo.
Alguns cuidados em casa podem ajudar a reduzir a exposição aos agentes alergénios. Optar por chão de cerâmica, tacos ou vinil, paredes lisas e fáceis de lavar, cortinas de material sintético, lisas e fáceis de lavar e móveis lisos são o primeiro passo. Evitar roupa de cama com lã ou penas na sua composição, deixar arrefecer a cama e arejar a roupa da mesma diariamente e mudar uma a duas vezes por semana fronhas e lençóis e manter o chão limpo e aspirado, são também procedimentos a considerar.
Fundamental para quem desenvolve alergias é não fumar, nem estar em contacto com o fumo ainda que passivamente.
Se existirem sintomas de um eventual quadro alérgico é aconselhável a realização de exames auxiliares que permitam um diagnóstico o mais precoce possível. Os sintomas consistem, no caso da rinite e da conjuntivite alérgica, em obstrução nasal com corrimento, comichão nasal, espirros, olhos vermelhos, inchados e com lágrimas, comichão ocular. Outros sintomas como tosse, falta de ar e chiadeira podem indiciar asma.
No caso das dermatites ou eczemas atópicos devem merecer a nossa atenção sintomas como pele muito seca, vermelha e a descamar, comichão e pequenas borbulhas.
Se estes sintomas se manifestarem de forma recorrente é aconselhada a realização de testes para as alergias. Existem essencialmente dois tipos de teste, o PRICK Teste (cutâneo), e o RAST (sanguíneo), que consiste na medição no sangue da IGE específica para determinados alergénios. No nosso distrito recorre-se ao segundo tipo.